Gergelim
Fatos sobre alérgenos, sintomas e tratamento


Também conhecido como sésamo, o gergelim é uma planta ereta normalmente cultivada por suas sementes, que são ricas em proteínas, tiamina e vitamina B6. Essas sementes são utilizadas como alimento e flavorizante e na produção de óleo de gergelim, encontrado na margarina e na gordura vegetal, utilizado como óleo de cozinha ou salada, e empregado na fabricação de remédios, lubrificantes, cosméticos e sabonetes. Enquanto isso, alimentos que contêm sementes inteiras de gergelim são amplamente consumidos no Oriente Médio e na Ásia. Na América do Norte e na Europa, são às vezes usados para dar sabor e decorar alimentos como pães e outros produtos assados.1 Além disso, o gergelim é comido na forma de uma pasta chamada tahini e como uma sobremesa chamada halva.2

A prevalência de alergia a gergelim varia geograficamente e é comum em Israel, no Japão e na Europa.3 De fato, o gergelim é relatado como o segundo alimento que mais causa anafilaxia em crianças israelenses. Assim, a alergia autorrelatada a gergelim nos Estados Unidos e no Canadá varia de cerca de 0,1 a 0,2% da população.2 A alergia a gergelim pode começar na infância ou na idade adulta, mas em 80% dos casos de alergia a gergelim na infância, a condição persiste até a idade adulta. Aqueles que desenvolvem tolerância à alergia o fazem até os 6 anos de idade.4

Onde o gergelim é encontrado?

As sementes e o óleo de gergelim são ingredientes alimentares comuns em todo o mundo. Além disso, o gergelim é frequentemente encontrado em misturas de especiarias e condimentos, mas como as receitas desses itens costumam ser patenteadas, o gergelim pode não estar listado em todos os rótulos de ingredientes que envolvem especiarias.7 Como as sementes de gergelim são frequentemente usadas em cima de pão, outros produtos assados e saladas, existe o risco de contaminação cruzada, especialmente em padarias e em mercados delicatessen e balcões de saladas. Além do mais, as sementes muitas vezes desenvolvem uma carga estática e se agarram a superfícies como outros alimentos e roupas, aumentando o risco de contaminação cruzada.4

Os alimentos que podem conter gergelim incluem:7 pratos da cozinha asiática, produtos de panificação (roscas, pães em geral, pães de hambúrguer), farinha de pão para empanados, cereais (por ex., granola, muesli), batatas fritas (e roscas, pão sírio, tortilha), biscoitos (por ex., torrada melba, barrinhas de gergelim ), molhos de aperitivos (por ex., baba ghanoush, hummus, molho de tahini), molhos de salada, falafel, arroz e macarrão flavorizados, gravy, goma-tofu (tofu de gergelim), ervas e bebidas à base de ervas, hummus, margarina, marinadas, pasteli (doce de semente de gergelim), carnes e linguiças processadas, barras de proteína e hipercalóricas, molhos, salgadinhos (por ex., pretzels, doces, halvah, bolo de arroz), kebabs de peixe, guisados, refogados, sopas, sushi, tempeh, bolo turco e hambúrgueres vegetarianos.

Além disso, os seguintes ingredientes podem indicar a presença de gergelim e devem ser evitados por indivíduos alérgicos:7 benne, semente de benne, sésamo, óleo de gergelim, sal de gergelim, farinha de gergelim, pasta de gergelim, sesamum indicum, sêmola de gergelim, tahini, tahina, tehina e til.

Os produtos não alimentícios que também podem conter gergelim incluem cosméticos (como sabonetes e cremes), medicamentos e suplementos nutricionais.7

Prepare-se para a próxima consulta médica. 

Faça o teste

Saiba mais sobre as opções de teste de alergia para IgE específica.

Como fazer um teste de alergia

Existem outros alérgenos que poderiam me sensibilizar?*

Algumas pessoas alérgicas a gergelim também podem desenvolver sintomas ao ingerir outros alérgenos aparentemente não relacionados. Isso é chamado de reatividade cruzada e ocorre quando o sistema imunológico do corpo identifica proteínas ou componentes em substâncias diferentes como sendo estruturalmente semelhantes ou biologicamente relacionadas, desencadeando uma resposta. As reatividades cruzadas mais comuns com o gergelim são outras sementes, castanhas e nozes e amendoim.8

Conhecer as proteínas ou componentes de cada alérgeno que estão desencadeando os sintomas pode ajudar a orientar seu plano de controle. Com isso em mente, e com base no histórico de sintomas, o médico pode sugerir algo chamado teste de IgE específica para componentes de alérgenos, o que pode ajudar a revelar a quais proteínas você está sensibilizado.

Os resultados do teste de IgE específica para componentes de alérgenos já estão prontos?

Os resultados do teste de componente incluirão o nome dos componentes (uma série de letras e números e/ou nome). O médico provavelmente analisará os resultados com você, mas aqui você também encontra uma análise rápida que pode ser usada como referência.

rSes i 1

  • Geralmente associado a um risco maior de reações graves ou anafilaxia.13
  • Estável ao calor e digestão.14
  • Principal proteína do gergelim e associada à verdadeira alergia clínica ao gergelim.15-20

Os resultados do teste devem ser interpretados pelo médico, no contexto de seu histórico clínico. O diagnóstico final e a decisão de controle adicional são feitos pelo médico.

*É possível que esses produtos não estejam liberados para uso médico no seu país. Converse com o médico para entender a disponibilidade

Devo evitar todas as formas de gergelim?

A alergenicidade do gergelim não é destruída pelo calor, assim, indivíduos alérgicos ao gergelim devem evitar suas versões cozidas e não cozidas.

Como é possível controlar a alergia?

Como não há cura para as alergias alimentares, o médico pode recomendar um plano incluindo o seguinte.4, 9-12

  • Fique especialmente atento em ambientes propensos a contaminação cruzada, como padarias e delicatessens.
  • Leia atentamente os rótulos dos ingredientes e os avisos destacados de "pode conter" nos produtos alimentícios e não alimentícios e evite todos os alimentos e produtos que contenham qualquer forma do alérgeno. Observe que essas listas e avisos podem não estar do mesmo lado da embalagem de um produto e que os fabricantes mudam ingredientes com frequência. Se não for possível obter uma lista dos ingredientes, é mais seguro evitar aquele item.
  • Evite a contaminação cruzada ao cozinhar. Para isso, use dois conjuntos de utensílios para cozinhar e comer, sendo um exclusivo para pessoas alérgicas. Lave todos os pratos e utensílios em água quente com sabão entre os usos.
  • Elabore um plano de ação com uma lista de etapas a serem seguidas por você e outras pessoas, em caso de ingestão acidental do alérgeno. Imprima uma cópia do plano e leve-a com você.
  • Converse com o chef nos restaurantes sobre sua alergia e peça comida preparada de maneira simples e sem qualquer forma do alérgeno. Evite sobremesas, pois muitas vezes elas contêm ou tiveram contato com alérgenos alimentares.
  • Planeje viagens com antecedência para garantir que sua alergia alimentar seja controlada e algum medicamento de emergência esteja sempre disponível.
  • Use uma pulseira de identificação médica exibindo o alérgeno ao qual você tem alergia.
  • Leve sempre com você alguma medicação recomendada ou de emergência.
  • Ensine às crianças com alergia alimentar quais alimentos elas devem evitar. Trabalhe com os cuidadores e funcionários da escola para eliminar ou reduzir a exposição ao alérgeno e garantir que eles entendam quando e como usar a medicação para tratar os sintomas.

O médico pode dar orientação para que você tome um dos seguintes medicamentos:

  • Autoinjetor de adrenalina quando há sinais de um evento agudo grave, também conhecido como anafilaxia (veja abaixo). Certifique-se de que seus familiares saibam como administrá-lo para o caso de uma emergência.
  • Os anti-histamínicos como agentes adjuntos podem ser úteis no alívio de sintomas leves (por ex., coceira); no entanto, eles não interrompem a progressão de uma reação alérgica.
  • Broncodilatador (albuterol) como terapia complementar para sintomas respiratórios, especialmente em pessoas com história de broncoespasmo ou asma.

Se você estiver com alguém que está tendo uma reação alérgica e mostra sinais de choque, aja rápido. Verifique se a pele está pálida, fria e úmida; veja se o pulso está fraco e rápido; observe se há dificuldade para respirar, confusão e perda de consciência. Faça o seguinte imediatamente:

  • Ligue para o serviço de emergência local.
  • Certifique-se de que o indivíduo afetado esteja deitado com as pernas elevadas.
  • Administre adrenalina imediatamente caso haja sinais óbvios de anafilaxia.
  • Verifique o pulso e a respiração da pessoa afetada e administre RCP ou outras medidas de primeiros socorros, se necessário.

Procurando mais informações sobre alergia e dicas de gerenciamento?

Visite a seção Vivendo com alergias

Sintomas comuns

A alergia a gergelim pode ser leve a grave, e variar com o tempo, resultando em sintomas leves durante um episódio e graves em outro. Embora os sintomas de alergia alimentar possam começar alguns minutos a várias horas após a ingestão, a maioria começa no intervalo de duas horas.5 Os sintomas podem acometer a pele, o trato gastrointestinal, o sistema cardiovascular e o trato respiratório e incluir um ou mais dos seguintes:5,6

  • Dor abdominal, diarreia, náuseas, vômitos, cólicas estomacais
  • Urticária alérgica, coceira, eczema
  • Chiado no peito, congestão nasal, falta de ar, tosse repetida
  • Choque, colapso circulatório
  • Dor de garganta, dificuldade para engolir
  • Pele pálida ou azulada
  • Tontura, vertigem, desmaio, pulso fraco

Os sintomas de alergia a gergelim também podem incluir anafilaxia, uma reação de todo o corpo que pode dificultar a respiração, causar uma queda dramática na pressão arterial e afetar a frequência cardíaca. A reação alérgica mais grave, a anafilaxia, pode surgir minutos após a exposição e pode ser fatal.5

Como saber se tenho alguma alergia?*

Junto com seu histórico de sintomas, o teste cutâneo ou o exame de sangue para IgE específica podem ajudar a determinar se você tem alergia a um alérgeno específico. Se você tiver um diagnóstico de alergia, o médico criará um plano de controle junto com você.

*É possível que esses produtos não estejam liberados para uso médico no seu país. Converse com o médico para entender a disponibilidade.

Existe risco de evento grave?

Como as reações alérgicas a alimentos são imprevisíveis e os sintomas variam de locais a sistêmicos, recomenda-se que a prescrição de adrenalina seja considerada para qualquer paciente com alergia alimentar mediada por IgE.10

Se você tem asma, pode ter um risco maior de reações graves ao gergelim, principalmente se a sua asma não estiver controlada.4

  1. Encyclopedia Britannica [Internet]. Chicago: Encyclopedia Britannica Inc.; 2020 Apr 12. Disponível em: https://www.britannica.com/plant/sesame-plant.
  2. Adatia A, Clarke AE, Yanishevsky Y, Ben-Shoshan M. Sesame allergy: current perspectives. J Asthma Allergy. 2017 Apr 27;10:141-151. doi: 10.2147/JAA.S113612. PMID: 28490893; PMCID: PMC5414576.
  3. Permaul P, Stutius LM, Sheehan WJ, Rangsithienchai P, Walter JE, Twarog FJ, Young MC, Scott JE, Schneider LC, Phipatanakul W. Sesame allergy: role of specific IgE and skin-prick testing in predicting food challenge results. Allergy Asthma Proc. 2009 Nov-Dec;30(6):643-8. doi: 10.2500/aap.2009.30.3294. PMID: 20031010; PMCID: PMC3131114.
  4. The Anaphylaxis Campaign [Internet]. Farnborough, UK: The Anaphylaxis Campaign; 2019 Nov. Disponível em: https://www.anaphylaxis.org.uk/wp-content/uploads/2019/11/Sesame-2019.pdf.
  5. American College of Allergy, Asthma & Immunology [Internet]. Arlington Heights, IL: American College of Allergy, Asthma & Immunology; 2014. Disponível em: https://acaai.org/allergies/types/food-allergy.
  6. Mayo Clinic [Internet]. Rochester, MN: Mayo Foundation for Medical Education and Research; 2019 Nov 2. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/food-allergy/symptoms-causes/syc-20355095.
  7. Food Allergy Research & Education [Internet]. McLean, VA: Food Allergy Research & Education; 2020. Disponível em: https://www.foodallergy.org/living-food-allergies/food-allergy-essentials/common-allergens/sesame.
  8. EAACI, et al. Molecular allergology user’s guide. Pediatr Allergy Immunol. 2016 May;27 Suppl 23:1-250. doi: 10.1111/pai.12563. PMID: 27288833. Disponível em: http://www.eaaci.org/documents/Molecular_Allergology-web.pdf
  9. Wright BL, Walkner M, Vickery BP, Gupta RS. Clinical Management of Food Allergy. Pediatr Clin North Am. 2015 Dec;62(6):1409-24. doi: 10.1016/j.pcl.2015.07.012. Epub 2015 Sep 7. PMID: 26456440; PMCID: PMC4960977
  10. American College of Allergy, Asthma & Immunology [Internet]. Arlington Heights, IL: American College of Allergy, Asthma & Immunology; 2014. Disponível em: https://acaai.org/allergies/types-allergies/food-allergy/food-allergy-avoidance.
  11. Harvard Health Publishing [Internet]. Boston, MA: Harvard Medical School; 2020. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/healthbeat/6-tips-for-managing-food-allergies.
  12. Mayo Clinic [Internet]. Rochester, MN: Mayo Foundation for Medical Education and Research; 2019 Sep 14. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/anaphylaxis/symptoms-causes/syc-20351468.
  13. Adatia A, Clarke AE, Yanishevsky Y, Ben-Shoshan M. Sesame allergy: current perspectives. J Asthma Allergy. 2017;10:141-51.
  14. Pastorello EA, Varin E, Farioli L, Pravettoni V, Ortolani C, Trambaioli C et al. The major allergen of sesame seeds (Sesamum indicum) is a 2S albumin. J Chromatogr B Biomed Sci Appl. 2001;756(1-2):85-93.
  15. Warren CM, Chadha AS, Sicherer SH, Jiang J, Gupta RS. Prevalence and Severity of Sesame Allergy in the United States. JAMA Netw Open. 2019;2(8).e199144.
  16. Maruyama N, Nakagawa T, Ito K, Cabanos C, Borres MP, Movérare R et al. Measurement of specific IgE antibodies to Ses i 1 improves the diagnosis of sesame allergy. Clin Exp Allergy. 2016;46(1):163-71.
  17. Yanagida N, Ejiri Y, Takeishi D, Sato S, Maruyama N, Takahashi K et al. Ses i 1-specific IgE and sesame oral food challenge results. J Allergy Clin Immunol Pract. 2019;7(6):2084-86.
  18. Saf S, Sifers TM, Baker MG, Warren CM, Knight C, Bakhl K et al. Diagnosis of Sesame Allergy: Analysis of Current Practice and Exploration of Sesame Component Ses i 1. J Allergy Clin Immunol Pract. 2020;8(5):1681-88.
  19. Goldberg MR, Appel MY, Nachshon L, Holmqvist M, Epstein-Rigbi N, Levy MB et al. Combinatorial advantage of Ses i 1-specific IgE and Basophil Activation for diagnosis of Sesame Food Allergy. Pediatr Allergy Immunol. 2021 May 5. doi: 10.1111/pai.13533. Online ahead of print.
  20. Nachshon L, Goldberg MR, Levy MB, Appel MY, Epstein-Rigbi N, Lidholm J, et al. Efficacy and Safety of Sesame Oral Immunotherapy – A Real-World, Single-Center Study. J Allergy Clin Immunol Pract. 2019;7:2775-81.